O que fazer em Lima, roteiro de 03 dias

Lima

Antes de viajar li muita coisa informando que a cidade era cinza e o trânsito louco, um verdadeiro caos e que as ruas eram tomadas por carros velhos e que os motoristas não respeitavam nada. Isto fez com que as minhas expectativas não fossem boas, mas mesmo assim reservei os 03 primeiros dias do meu roteiro de viagem ao Peru para Lima. Já na cidade confirmei tudo o que li, mas quer saber, gostei de Lima. Não que eu prefira o caos (mas também nada de muito certinho), mas Lima não é só isso e à medida que fui observando me surpreendi com a cidade que encontrei, dinâmica, cultural e receptiva. Lima não é um caos generalizado, tem recantos tranquilos como o distrito de Barranco. O trânsito caótico deixa marca nas laterais dos carros, mas ele não é assim (caótico) o tempo todo e nem em todo lugar. Você consegue fugir dele visitando um dos vários atrativos da cidade e os belos museus e construções modernas se opõem ao carros velhos. Vá desarmado!


Plaza San Martin, Centro Histórico
Plaza San Martin, Centro Histórico

ROTEIRO

A capital peruana é imensa, tem a segunda maior população da América do Sul, ficando somente atrás de São Paulo e um trânsito que não ajuda. Então já percebeu que a locomoção (em determinados momentos) é chata. Sendo assim, para facilitar dividi a minha programação na cidade por regiões, conhecendo uma a cada dia e me hospedei no distrito de Miraflores facilitando a minha locomoção pois conheci a cidade por conta própria utilizando transporte público, taxi e uber. Fiquei 03 dias inteiros na cidade e se tivesse mais tempo eu teria o que ver e o que fazer, saí sem conhecer lugares que estavam na minha lista. Mas isto depende do seu perfil e interesse, eu gosto de bater perna sem pressa e visitar atrativos históricos e culturais. Se o seu perfil é parecido com o meu, o roteiro a seguir pode te ajudar.

Plaza Mayor, lima
Plaza Mayor com a Catedral ao fundo

1º dia: Centro Histórico

Cheguei a Lima na noite anterior já tarde e fui direto para o Hostel não conhecendo nada na cidade. A minha programação teve início mesmo na manhã seguinte e dediquei o dia todo para o Centro Histórico. Para ir ao centro aceitei a companhia da Silvia, dona do Hostel, que ia pra lá de metropolitano (um transporte de superfície como o BRT), o que foi muito bom pois ela passou as dicas de como andar na cidade. À medida que andávamos a paisagem ia mudando, a Lima moderna dava lugar Lima histórica.

Descemos no centro, o dia estava feio com o céu nublado e contrariando o que muitos dizem havia chovido. Era uma terça-feira e achei estranho as ruas estarem vazias, mas era feriado nacional e eu não sabia. E feriado era tudo que eu não queria, pois poderia atrapalhar a minha programação, imaginei logo que o meu dia estaria perdido. Fomos até a Plaza San Martin onde nos despedimos e iniciei o meu Tour. A praça é bonita, cercada por construções clássicas igualmente bonitas e tem ao centro um monumento em homenagem ao Dom José de San Martin, o libertador do Peru. Todo o conjunto faz parte do Patrimônio Cultural da Humanidade, pronto eu estava no Centro Histórico de Lima.


Palácio do Arcebispado
O imponente Palácio do Arcebispado

Dali segui pela Rua Jiron de la Union, um calçadão de comércio popular, mas pelas construções com sacadas e balcões nas fachadas ela nem sempre foi popular. A Rua Jiron de la Union liga a Plaza San Martin a Plaza Mayor, e à medida que eu me aproximava a movimentação de pessoas aumentava e encontrei uma praça abarrotada de gente festejando o feriado. Havia tanto militar que pensei que fosse uma festa cívica, mas era o dia de Santa Rosa de Lima, padroeira do Peru, da América Latina e também da Policia Nacional do Peru. Foi o meu primeiro contato com a cultura e costumes do Peru e de cara já gostei. Era uma festa cheia de pompa com a praça enfeitada, apresentações musicais em frente a catedral, pessoas com roupas decoradas e procissões. Curti tudo aquilo e já não achava mais ruim ser feriado.

A Plaza Mayor (ou Plaza de Armas) é a principal praça da cidade e o local de fundação de Lima e ao seu redor estão imponentes construções que contam a história do pais desde o período colonial. Merecem destaque a Catedral de Lima e o Palácio do Arcebispado (visitação: Segunda à Sexta das 09 às 17 hs, Sábado das 10 às 13 hs. Eles podem ser visitados com ingresso único – $30,00 - NÃO ABREM EM DIAS DE FERIADOS OFICIAIS), Palácio do Governo (a visita na sede do governo peruano precisa ser agendada) e o Palácio Municipal (visitas guiadas de quarta a domingo das 09 às 16:30 hs) todas na minha lista para visitação, mas devido o feriado e a festa que acontecia não consegui conhecer nenhum internamente, uma pena.

Hotel Maury
Bar que faz parte da história do pisco sour

Mas o que não falta é lugar para conhecer no Centro Histórico e só andar pelas ruas observando as construções já é algo interessante. Talvez por tanta informação negativa eu tenha ficado surpreso com as construções imponentes e tão bem preservadas. Seguindo pela rua lateral ao Palácio Municipal há o Museu Casa da Gastronomia Peruana e na esquina seguinte o Convento e igreja de São Domingo, um dos atrativos da minha lista, mas havia muita gente e deixei para visitá-lo depois (visitas guiada todos os dias das 9:30 às 18:30 hs – $ 5,00). Próximo dali há uma alameda com espaços para lazer e vista para a cidade. Aproveitei os bares próximos para comer as minhas primeiras empanadas que gosto muito e conhecer o refrigerante do Peru o Inca Kola, que não gostei e não tomei mais.

Já do outro lado da Plaza Mayor na rua da catedral, uma quadra depois, parei para conhecer o bar do Hotel Maury, um endereço histórico do pisco sour, outra bebida típica do Peru. Segundo o que é divulgado foi nesse bar tradicional com móveis em madeira e fotos antigas que foi criado o pisco sour conhecido hoje. E se você tiver sorte terá o seu preparado por Don Eloy Cuadros, o barman com quase 80 anos que confirma esta versão. O chile garante que a bebida é deles. Quando estive lá não bebi e agora, depois da minha visita ao Hotel Maury me arrependi.

Igreja e convento de São Francisco
Igreja e convento de São Francisco

Ainda pelas ruas próximas à praça visitei lugares bem interessantes como o Centro Cultural Inca Garliaso (visitação grátis) e o Centro Cultural da escola de Belas Artes (visitação grátis) e finalmente conheci outra atração da minha lista, a Igreja e Convento de São Francisco. A visita é guiada, e o momento mais esperado é quando somos levados para conhecer as Catacumbas descoberta em 1951 que ficam embaixo da igreja. O Museu é aberto a visitação todos os dias das 09 às 8:15 hs, tem o custo de $ 10,00 com duração de 01 hora aproximadamente. A igreja também abre todos os dias das 07 às 11 hs e das 16 às 20 hs e não cobra ingresso.

No final da rua da igreja está o Parque da Muralha (não visitei)onde se vê parte do muro que cercava a cidade de Lima. Já era noite e um prédio bonito todo iluminado chamou a minha atenção, era a Casa de La Literatura Peruana, que funciona na antiga Estação Desamparados. Ainda estava aberta e nos fundos dela tem uma varanda com vista que deu vontade de ficar ali e descansar do dia, mas ainda fui tentar conhecer o Convento e Igreja de São Domingos, a minha última visita do dia e foi muito bom ser a última pois conheci a história de Rosa de Lima e foi como uma conclusão de tudo que vi na Plaza Mayor. Antes de retornar ao hostel, terminei o dia em um dos restaurantes em torno da Plaza San Martin onde o tour começou.

Convento e igreja de São Domingos
Convento e igreja de São Domingos

Neste dia utilizei o Metropolitano para ir ao centro e o taxi para retornar ao hostel. Os atrativos são todos próximos e o tour fiz a pé.

2º dia: Entre Miraflores e o Centro

Comecei o dia muito bem no Museu Larco, uma atração muito indicada e que também indico. Um dos lugares que vale a pena conhecer em Lima. É um museu arqueológico particular de muito bom gosto, com boas instalações e um jardim que diz pra você “fica aqui, não vai pra rua não”. Tem um grande e variado acervo exposto de forma que ajuda muito um leigo que está começando uma viagem pelo país. É um museu que deixa você fotografar (sem flash), que permite visitar o acervo de peças em restauro e apresenta um exposição de cerâmicas eróticas. Se for visitar o museu na hora do almoço (e se grana não for problema) aproveite o restaurante que funciona no jardim. O museu esta no Bairro de Pueblo Libre, uma região bonita da cidade. Funciona de Segunda a Domingo das 09 às 18h (incluindo feriados) – $ 30,00. Visite o site.

Museu Larco

Do museu fui ao Parque Central de Miraflores (conhecido também como Parque Kennedy). Na verdade o ‘parque’ é uma grande praça urbanizada com paisagismo, bonita, movimentada e uma igreja também bonita. Quando fui, uma parte estava interditada para obras então não tive muito que ver ali, aproveitei para almoçar e continuar o meu roteiro. A região deve ser mais interessante à noite devido os bares e restaurantes, tanto que tem a Calle de las Pizzas, mas eu não voltei.
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Na programação havia ainda um dos sítios arqueológicos (Huaca Pucllana e/ou Huaca Huallamarca )localizados dentro dos bairros modernos da cidade. Fui então para o Huaca Pucllana, o mais próximo dali, mas não me liguei no horário e quando cheguei já estava fechado. Uma pena, pois pareceu ser bem interessante. Tinha a opção de visitar à noite, mas seria mais para ver o local com uma iluminação especial e não andar e conhecer mesmo o sítio, então não tive interesse. Huaca Pucllana fica em Miraflores, a visita diurna é de quarta a segunda das 09 às 17 hs ($ 12,00), e a noturna de quarta a domingo das 19 às 22 horas ($ 15,00). Vacilei pois queria muito ter conhecido.

Circuito Magico del Agua

Só restou ir conhecer o meu último atrativo, o Circuito Magico del Agua no Parque de la Reserva. São várias fontes de água com música e muitas cores e antes que você pense “que coisa comum e boba” digo que você deveria conhecer. Antes da viagem vi sobre a atração e também pensei que fosse mais um espetáculo de som e luz, mas o lugar é bom e interessante. Primeiro que está dento de um parque bonito e as fontes são grandes e espalhadas, então para ver as diferenças estre elas é preciso fazer o circuito. Mas elas não são só contemplativas não, algumas são também interativas e muita gente participa da brincadeira, principalmente as crianças. Se você for com intenção de interagir leve outra roupa porque vai sair molhado.

Para entrar no parque paga-se um ingresso ($ 4,00), e funciona de terça a domingo das 15 às 22:30 horas, mas as apresentações tem horários marcados (veja mais informações no site oficial). No lugar há venda de lanches e outros pratos. Aproveitei para comer ali antes de ir embora. Ao lado do parque tem a estação Estádio Nacional do Metropolitano.

OBS.: Esta atração fica mais próxima da Plaza Mayor no centro, então pode ser conhecida no dia que for visitar o Centro Histórico.

Circuito Magico del Agua

A exemplo dos outro dias sai tarde para os passeios, isto foi bom pois assim escapei do trânsito do inicio das manhãs que só vi a loucura que é no último dia quando tive que viajar cedo. Mas neste dia os atrativos eram distantes e não aproveitei muito o meu tempo e não conheci tudo que queria. Como transporte fui ao museu de taxi, na volta usei os ônibus coletivos e coloridos (merece um post separado). Também usei taxi e para retornar à noite utilizei o Metropolitano.

3º dia: Barranco e Malecon de Miraflores

O meu último dia na capital peruana foi para conhecer as proximidades de onde eu estava hospedado, região voltada para a orla. Lima é de frente para o Oceano Pacífico e já na ida ao bairro de Barranco pude ver como a orla é bonita, Lima me surpreendeu mais uma vez. Barranco é promovido como o bairro boêmio e como tal pensei que eu iria ver só mais um bairro cheio de barres e cafés, mas é mais do que isto e acabei passando a maior parte do dia lá. A vida no bairro tem um ritmo diferente dos outros que conheci, parece uma cidadezinha. Talvez tenha esta característica por ter sido um balneário distante de Lima (centro) da elite.

Ponte dos suspiros
Ponte dos suspiros

O meu ponto de partida foi a Plaza de Armas do bairro (no Peru parece que todas cidades tem esta praça e no caso de Lima mais de uma). Depois de ficar por um tempo sentado nos degraus da Igreja Santíssima Cruz, fui conhecer os atrativos que ficam todos próximos, como Puente de los Suspiros. Para facilitar a sua localização atravesse a praça e vá até a Biblioteca Municipal e pegue um guia turístico com mapa. O legal mesmo é você andar  pelo bairro e aproveita que ali é possível e chegue até a praia. A orla de Lima é alta sobre um barranco (daí o nome do bairro) e para chegar à praia é preciso descer. Aproveitei para almoçar em Barranco e fui finamente comer o  Ceviche, que como já imaginava não gostei, mas valeu pelo lugar que tinha a Cusquenha (cerveja) mais gelada da cidade.

Lima

De Barranco segui para o Lacomar, um shopping em Miraflores que virou um atrativo devido a sua localização privilegiada, foi construído dependurado na orla e tem uma bela vista do Oceano pacífico. Continuei caminhando pelo Malecon (calçadão) da orla e foi muito bom com uma vista que só não foi melhor porque o céu e o mar estavam cinzas, no percurso há lugares para fazer pequenos lanches. Acabei chegando ao Parque Del Amor onde tem a escultura “O beijo” do artista peruano Victor Delfin. Foi um bom lugar para me despedir de Lima. Nesse dia utilizei Uber, Metropolitano e perna.

Parque do Amor, Lima


TRANSFER

Como cheguei já tarde eu solicitei para o Hostel que providenciasse um transfer pra mim e eles enviaram um taxi de confiança deles. Mas você pode pegar no aeroporto um taxi que tem preço fixo ou negociar a corrida como um taxi oficial do lado de fora, pode fazer uso das empresas de transfer que tem balcão dentro do aeroporto e que oferece também o transfer coletivo. Se tiver como pode pedir um Uber. Não tem metro e de ônibus é complicado. O aeroporto não fica em Lima e sim na cidade de Callao.

HOSPEDAGEM

Fiquei no Bairro Miraflores que facilitou eu ir para a região central da cidade e também para Barranco. O bairro é bom e com muito comércio. Me hospedei em um sobrado bonito e novo anunciado no Booking (Passport) e também no Airbnb. A localização é boa, apesar da estação mais próxima (28 de julho) do Metropolitano ficar a mais de 1km. Os proprietários são um casal jovem que morou nos Estados Unidos, ela peruana e ele americano. Os dois muitos simpáticos e prestativos, principalmente a Silvia (por falar espanhol e entender melhor o português) que deu muitas dicas, pediu uber e até negociou taxi pra mim. O café é servido em porção individual, suco, café, alguma fruta, ovos mexidos ou bacon.

Ônibus de Lima

TRANSPORTE

Lima tem taxi oficial, tem taxi clandestino, tem carro particular que faz corrida de taxi, e são muitos deles e ao verem alguém dão uma buzinadinha. Tem também uber, Metropolitano e tem ônibus. Eu usei todos eles. O taxi oficial é igual a tantos outros em vários lugares do mundo e o clandestino tem até tem a plaquinha de taxi, mas não é credenciado. Os taxis não usam taxímetro e é preciso negociar o valor antes de embarcar. No dia que sai de lima a Silvia do Hostel foi parar um pra mim, o primeiro não aceitou me levar devido o trânsito, o outro não aceitou o preço que ela ofereceu e logo em seguida parou um carro particular que ofereceu o serviço pelo preço e ela deu ok para eu ir.

Metropolitano é o sistema de ônibus articulado que circula em uma faixa exclusiva e só para nas estações, atende uma região limitada, Barranco, Miraflores e Centro, mas é uma boa opção. Os ônibus comuns e coloridos são uma aventura para quem não está acostumado. Eu usei e deu tudo certo. Usei uber quando fui ao bairro Barranco e foi tudo certo. Numa cidade como Lima se tiver como chamar (a Silvia chamou pra mim), Uber é uma excelente opção.

CÂMBIO

Troquei pouca coisa no aeroporto pois não tinha nenhum Novo Sol e o restante que precisei troquei no centro na Praça San Martin. Na Rua Jirón Ocõna tem várias casas de câmbio com diferença mínima de uma para outra. Foi onde encontrei a melhor cotação ($ 1,00 = R$ 0,97). Em Miraflores e Barranco também tem várias casas de câmbio, mas a cotação foi pior, principalmente em Barranco.

SEGURO VIAGEM

Não é obrigatório, mas é recomendável ter um seguro. Eu viajei com o MONDIAL ASSISTENCE, que você pode adquirir aqui no blog.

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