O que fazer num bate - volta a Ilha de Marajó. Vale a pena?

Praia do Pesqueiro

A partir de Belém é possível fazer bate – volta a lugares da região, como a ilha de Marajó. A maior ilha do Brasil conhecida por muitos pelo grande rebanho de búfalos e pela arte marajoara representada nas cerâmicas, herança dos índios que habitavam o local. Mas a ilha oferece também passeios em fazendas, e praias de mar e de rio, já que é banhada pelo oceano Atlântico e pelos rios Amazonas e Tocantins. Fui a Belém sem me planejar e não sabia se teria tempo suficiente e nem tinha certeza se queria ir a Ilha de Marajó. Como tive a informação de que conseguiria comprar as passagens lá, não me preocupei e nem reservei nada, deixei para resolver quando estivesse na cidade.

Ilha de Marajó

Já em Belém percebi que poderia separar os meus dois últimos dias para ir a ilha de Marajó, precisamente em Soure umas das cidades da ilha. Para chegar lá a opção mais comum e econômica é ir navegando pela baía em lanchas ou grandes embarcações, mas também tem a opção de ir de taxi aéreo, e desde 2016 em voos comerciais regionais realizados numa aeronave monomotor que faz parte do “Voe Pará”, um programa do governo do Estado para incentivar o turismo .

Escolhi o serviço de lancha rápida, que na verdade é um catamarã, oferecido somente pela Tapajós Expresso. Mesmo sendo as passagens mais caras que em outras embarcações, escolhi esse serviço por não sair tão cedo e pelas lanchas serem mais confortáveis e mais rápidas com o tempo previsto de viagem de 02 horas, metade do tempo das outras embarcações. Fiz o check out no hostel e fui ao Terminal Hidroviário de Belém comprar as minhas passagens e embarcar.

Ilha de Marajó

Já na fila para comprar as passagens ouvi que não tinha mais vagas na lancha, informação que foi confirmada no guichê da empresa. Ainda fiquei um tempo no terminal na esperança de ter alguma desistência mas não aconteceu.  A próxima saída seria só à tarde por outra empresa numa embarcação lenta com o dobro do tempo de viagem chegando a Soure já no início da noite, como não tinha reserva de hospedagem e não tive retorno de uma fazenda que oferece um passeio, mudei os planos e desisti de pernoitar na ilha. Comprei passagens para o dia seguinte fazendo um bate – volta, pois era o meu último dia na cidade.

Resolvi fazer o bate e volta porque havia a empresa Tapajós Expresso que fazia a travessia com o tempo estimado de 02 horas com desembarque em Soure. Com outras empresas a viagem demora 3:30 hs, o desembarque acontece na cidade de Salvaterra e de lá tem que seguir com transporte rodoviário e balsa para Soure aumentando a viagem em mais 01 hora. Enquanto escrevia este post fiquei sabendo que a Tapajós Expresso não faz mais a travessia. Não teria feito o bate e volta se fosse com outra empresa de navegação pois além da logística ruim e tempo de viagem, o horário de saída de Belém é bem cedo.

Ilha de Marajó

Como a empresa não opera mais no trajeto, pensei que não teria sentido escrever este post, mas resolvi continuar pois pode servir como referência de logística de viagem e o que fazer no pouco tempo em Soure, já que quem vai nas embarcações mais lentas tem praticamente o mesmo tempo pois sai de Belém às 06:30 hs chegando em Soure depois das 11 horas e precisa sair de Soure até às 15 horas para embarcar em Salvaterra, chegando a Belém por volta das 19:30 hs.

Teria pouco mais de 04 horas na ilha pois o horário previsto de chegada era 10 hs e a saída às 14:45 hs. Teria, pois na verdade a viagem demorou mais de 2 horas e meia, e quando sai do porto para conhecer Soure já era quase 11 horas.  Tinha pouco tempo e não dava para fazer muita coisa, precisava ser objetivo. No dia anterior tentei marcar um passeio na Fazenda São Jerônimo, mas não tive sucesso então resolvi ir a Praia do Pesqueiro, mas não poderia sair de Marajó sem ver as cerâmicas marajoaras. No desembarque em Soure tem muitos taxis e moto taxis oferecendo os serviços, fechei com um moto taxi para me levar à praia parando em algum lugar para eu ver as cerâmicas e depois me buscar na praia. É preciso combinar para ir buscar pois pode não ter moto taxi na praia.

Ilha de Marajó

ATELIÊ DE CERAMICA MARAJOARA

Minutos depois que saímos do porto o moto taxista parou em uma casa pequena em um bairro simples para eu conhecer a arte marajoara. Confesso que esperava encontrar um grande mercado com muitas peças, mas graças a Deus e ao moto taxista não foi isto que encontrei pois em um grande mercado poderia ter muitas peças não autenticas. A pequena casa era o ateliê e local de venda de um dos principais escultores e ceramistas da ilha: Ronaldo Guedes, uma pessoa calma que fala baixo e que mantem uma tradição produzindo uma cerâmica autêntica cheia de simbologias da arte marajoara. Fiquei ali algum tempo conversando com o artista enquanto demostrava como é feita uma peça. É preciso muita prática para não perder a peça que está sendo confeccionada pois um risco errado não tem como ser refeito.

Ilha de Marajó
Ceramista Ronaldo Guedes

PRAIA DO PESQUEIRO

Depois segui até a Praia do Pesqueiro distante 10 km dali. Logo na chegada é preciso passar por umas dunas leves para chegar à praia. No início não gostei muito da paisagem, o tempo estava fechado e ventava,  peguei chuva no caminho. A maré estava baixa com a água bem distante e havia poucas pessoas, parecia que o tempo havia parado. A infra-estrutura da praia é simples com várias barraquinhas cobertas de palha com mesas de plástico e redes. Escolhi uma delas e me joguei, não sei a temperatura da água, o tempo não ajudou e ela estava longe demais, preferi ficar na rede bebendo, comendo e observando a paisagem ao meu redor. Quando queria alguma coisa era só pedir para a menina que, por não ter mais ninguém para atender, ficava o tempo todo perto de mim, era corria até a barraca onde funcionava a cozinha (distante) e trazia o pedido. Que vida boa!

Praia do Pesqueiro

Tudo e muito simples, mas gostei do serviço da comida e preços. Aproveitei para experimentar o queijo do leite de búfala, que não gostei muito, e almocei um belo bife de carne de búfalo que aí sim, gostei. Por falar em búfalo, na praia os moradores passam com o animal oferecendo passeios. Os búfalos têm uma argola no nariz com uma corda amarrada, toda vez que queriam que o animal andasse os condutores puxavam a corda e o búfalo dava uma fungada e mugia mostrando que aquilo estava machucando. Para os moradores aquilo era normal, mas toda hora eu ouvia aquilo e me incomodou bastante.

Praia do Pesqueiro

page

No horário marcado o moto taxi me buscou para retornar ao centro de Soure. Tinha um tempinho ainda para embarcar e dei umas voltas pelas rua próximas e vi vários búfalos andando tranquilamente. Era estranho ver aqueles animais tão grandes passeando como se fossem pequenos cachorrinhos.

Depois foi só embarcar e retornar a Belém. Foi pouco tempo em Soure, tem muito mais pra ver na Ilha de Marajó. Valeu pelo que vi, mas acho que não vale a pena um bate-volta, ainda mais agora que só tem embarcações lentas com viagens mais demoradas. Deve ficar no mínimo um pernoite.

Praia do Pesqueiro

SAIBA MAIS

Além do Terminal Hidroviário de Belém tem outro terminal no distrito de Icoaraci distantes 20 km de onde são realizadas travessias de carros. A minha escolha do terminal foi devido a sua localização central e pelo serviço da lancha rápida oferecido somente naquele terminal.

O valor cobrado pelo moto taxi em Soure para ir até a Praia do Pesqueiro é R$ 15,00 por trecho. Fazendo uma parada no ateliê ele cobrou mais R$ 5,00 ficando ida e volta por R$ 35,00.

Leve dinheiro para Soure. Dificilmente irá usar cartão.

Não tem previsão de retorno do serviço da Tapajós Expresso. Quem faz a travessia é a empresa Arapari Navegação (91) 3242-1870.

Postar um comentário

4 Comentários

  1. vc fez uma viagem mt rápida e não dá tempo de desfrutar td. O marajó merece tres dias em diante pra vc sair de la encantado. acabei de passar o carnaval la, com meu marido, calmos e to com mta saudade e boas lembranças

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Foi uma pena eu ter feito uma visita tão rápida a Marajó. Obrigado por visitar o meu blog.

      Excluir
  2. pensava em ir, no estilo bate-volta, mas depois do seu relato acho que vou desistir.

    ResponderExcluir