Recentemente atendi um grupo e no roteiro tinha visita ao Santuário Nacional do Beato ( foi canonizado em 2014 pelo Papa Francisco)de São José de Anchieta na cidade de mesmo nome no sul do estado. Lugar onde morreu e viveu os últimos anos José de Anchieta, o Jesuíta mais importante na história do Espirito Santo.
O conjunto arquitetônico é um patrimônio tombado pelo IPHAN desde 1943. Para a maioria dos historiadores a sua construção aconteceu entre os anos de 1565 e 1569, ficando completa até 1759 quando os jesuítas foram expulsos do Brasil. A exemplo de outras construções jesuíticas no estado, é formado por igreja (Nossa Senhora da Assunção) e residência e foi construído no alto de um platô de frente para o mar e ao lado de um rio, o Benevente que corta a cidade. A construção simples e ao mesmo tempo imponente ocupa a maior parte do espaço, e na sua frente tem uma grande castanheira que proporciona uma boa sombra, o que faz o lugar ficar mais agradável. O lugar proporciona uma boa visão da cidade.
A nave da igreja.
A foto da esquerda é o retábulo que cobria o altar. A foto da direita é o altar principal com as pinturas encontradas debaixo do retábulo, e a imagem da padroeira Nossa Senhora da Assunção.
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Hoje a construção jesuítica abriga a igreja e o Museu Padre José de Anchieta. No museu tem peças sacras, vestes religiosas, literatura do e sobre o Beato, artefatos indígenas (o Beato trabalhava com alfabetização e catequese dos índios) e na área externa tem as escavações arqueológicas feitas na época da restauração.
Como fazia tempo que eu não visitava, resolvi então voltar ao local para não passar vergonha com o grupo (nessa ida foi a metade da minha diária). Quando cheguei não havia nenhum outro visitante, andei sossegadamente em volta da igreja e em seguida fui ao Museu Padre Anchieta. Não sabia o que iria encontrar, mas esperava ter um atendimento onde guardam objetos e a história do Beato do Brasil do santo e fundador da cidade de São Paulo.
A Capela do Santíssimo.
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A cela de Jose de Anchieta. Nela está uma imagem do Beato santo e nesta caixa que aparece na foto está o pedaço do osso da tíbia do beato José de Anchieta. Eu não vi nenhuma placa informativa exposta, se o visitante não for curioso, a relíquia passa despercebida.
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Logo na entrada encontrei uma situação de abandono, não havia ninguém. Na lojinha ao lado com lembrancinhas do lugar, estava uma moça falando ao celular. Tentei pedir informações, até que ela parou (mas não desligou o celular) e me atendeu falando o mínimo necessário informando que era só pagar o ingresso e entrar. Ela queria voltar logo ao telefone, e me senti como se estivesse atrapalhando. Mas eu falei que era guia de turismo, que ia levar um grupo e precisava de mais informações. Ela foi então respondendo o que eu perguntava sem desligar o telefone.
Paguei a taxa de R$ 2,00 (R$ 5,00 a partir de 2016)e entrei. Fui visitar o museu sem nenhuma explicação do acervo pois não havia monitoria (a moça continuava no celular). La dentro tive uma sensação de abandono maior ainda do lugar. Eu não sou museólogo mas achei um descuido com o acervo.
O museu tem uma sala com obras e documentos do Beato José de Anchieta.
Parte da antiga residência que abriga o Museu e as escavações arqueológicas.
Saindo do museu fui visitar o interior da igreja, na lateral esquerda está exposto um retábulo em madeira, ele ficava no altar cobrindo toda parede. Na restauração descobriram que havia uma pintura na parede por debaixo dele, então retiraram o painel deixando o altar original e colocaram ele na lateral.
Indo até o altar principal, no lado esquerdo existe uma porta que dá acesso ao santíssimo, a sacristia e a cela do Beato Anchieta. Nela está exposto um pedaço do osso da tíbia do beato de São José de Anchieta, que pertencia, desde o ano de 1759, ao governo do Espírito Santo. A relíquia foi devolvida em 1888 aos jesuítas, que a levaram para Nova Friburgo, RJ. Voltando a residir em Anchieta, os jesuítas trouxeram de volta, em 1944, a relíquia do Beato.
O Santuário Nacional é o ponto final da caminhada “passos de Anchieta”, que refaz o caminho que o Beato percorria entre Anchieta (onde morava) e Vitória, onde ficava a sede dos Jesuítas aqui no estado.
Quando estava saindo chegou um casal de carro com placa de São Paulo, fiquei imaginando que se eles recebessem o mesmo atendimento que recebi, qual seria a impressão deles sobre o lugar e sobre o estado. Mas não fiquei para perguntar, fui embora. Sai dali preocupado de como seria a visita com o grupo, ainda mais um grupo de professores da cidade de São Paulo.
No dia marcado cheguei lá com o grupo, tiramos fotos em frente a igreja e fomos ao museu. Lá tive uma boa surpresa, era outra atendente (pena que esqueci o nome dela). Ela não podia acompanhar o grupo durante a visita mas na entrada mesmo deu uma explicação muito boa sobre o museu, o acervo e sobre o beato o santo. Ufa… que alívio! Nem parecia que eu estava visitando o mesmo lugar de dias antes. O grupo visitou tudo com calma e saiu dali satisfeito.
Próximo ao Santuário tem a igrejinha de Nossa Senhora da Penha muito interessante que vale a pena uma visita.
Descendo uma escadaria que fica ao lado do Santuário chega – se a capitania dos portos, onde saem os barcos para o passeio pelo Rio Benevente. Dizem que é muito bom.
A cidade é muito procurada no verão devido as boas praias, e é difícil sair delas (leia aqui sobre a praia de Ubú). Mas vale a pena reservar um tempo para conhecer os atrativos culturais, principalmente o Santuário Nacional mesmo ele não recebendo os cuidados que merece.
COMO CHEGAR
A cidade de Anchieta está localizada no sul do Espírito Santo a cerca de 82 quilômetros da capital Vitória, interligada pela BR 101 e a ES 060 (a rodovia do sol), as duas rodovias têm pedágio. A viagem é mais agradável pelo litoral ES 060, passando por Vila Velha e Guarapari. O aeroporto mais próximo fica em Vitória, onde saem ônibus para Guarapari (veja aqui) e lá sai para Anchieta. Da rodoviária de Vitória saem ônibus com vários horários.
O Santuário está localizado no centro da cidade. É fácil de chegar. Visite o site do santuário.
HORÁRIO DE VISITA DO MUSEU
Terça a domingo de 8 às 17h
Ingresso somente para o museu: R$ 5,00. A visita a igreja não é cobrada.
Telefone: (28) 3536-3985
ATUALIZAÇÃO
Desde 2016 o Santuário e Museu contam com o excelentes monitores, que estão preparados com bastantes e boas informações. Quando vou com grupo eu ligo e agendo. Não tem custo adicional.
Outra coisa que melhorou muito foram os banheiros, apesar de continuarem simples.
O Santuário é administrado pelos Jesuítas, e segundo informação no local, eles estão com um projeto de restruturação e melhorias.
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