OLHA CARIACICA AÍ, GENTE!

Foto retirada do site gazeta online.

Navego calma na tarde linda de um fevereiro retumbante. Quando Jace Theodoro, amigo e ilustre colega cronista deste espaço, me ligou pra me convidar em nome da escola para que eu fosse dela enredo, eu não imaginava a que viagem aquela homenagem chegaria. Hoje, dia em que chego aqui em Itaúnas a fim de terminar um livro e cumprir um compromisso editorial, o que grita, mais que o resto brilhoso do que sobrara de purpurina na trama dos cabelos, é uma alma em êxtase ainda não desperta do maravilhoso sonho que vivera.

Meu Deus, o que era aquele mar de gente batendo no peito, cantando meu nome, gritando com orgulho que ser capixaba também é chique? Épico, cinematográfico sonho? O maior teatro popular do mundo estava acontecendo ali, e meu desejo de querer que o Espírito Santo entre na programação turística e cultural do país virando realidade. É isso mesmo, e quem me lê sabe: quero mostrar meu lugar aos quatro ventos, ostentá-lo no peito, porque lindo e talentoso ele já é por natureza.

O desfile da Boa Vista no Sambão do Povo na madrugada de sábado foi histórico, emblemático. Desculpa eu falar, mas o faço porque, quando este jornal for impresso, já terei entregue esta crônica sem saber do resultado. Então, posso falar. Não sei o que os jurados acharam, mas, na visão do último carro, que era onde estávamos como se fosse num navio, o espetáculo era deslumbrante: as cores , o fino das fantasias, o enredo visto de costas era um mar de beleza. No entanto, acima de tudo, o calor que vinha do chão, da alma do povo cariaciquense esquentando a avenida era o que mais se via. Estávamos eu, meu filho, meu pai, minha irmã, meus irmãos, os sobrinhos, meus amigos daqui e parceiros amigos da Casa Poema, que vieram do Rio para o espetáculo; éramos todos da mesma tripulação levando o mesmo leme. Depois, comentei com Regina Duarte que, quando entramos, o palco já estava no ponto. Afinal, os palcos têm temperaturas e quem os aquece é o carisma, o poder dos atores. Nesse sentido, nossa escola exuberou!

A verdade do que eu digo estaria comprometida pela parcialidade do meu afeto se não tivesse havido aquele alarido, a ovação geral cantando com o coração na boca. Loucura, choro, gritaria era o que brotava do camarote às arquibancadas, da concentração aos repórteres da ocasião. Todo mundo, inclusive de outras escolas, se sentia chique por ser capixaba e poder bradá- lo numa manifestação coletiva de amor à terra talvez jamais vista por aqui.

Não sou especialista em carnaval capixaba, mas, do assunto que falo, aquilo parecia estreia. Quando Regina Duarte e Ana Carolina aceitaram o convite, foi como se elas estivessem dizendo sim ao Espírito Santo, onde só tinham vindo a trabalho até então. Amorosas e elegantes, aceitaram vir, por honra da nossa amizade e uma deferência ao nosso povo. E estão encantadas, pois curtiram um surpreendente carnaval.

Seria injusto não elogiar o desfile em geral do jovem e cada vez mais competente carnaval capixaba. Parabéns a todos. E atenção, Estado, prefeituras, Lieses, empresários! Não se acanhem não, podem caprichar mais, porque isso aqui está pegando, e sua data é muuito propícia, turisticamente falando. Significa investimento e crescimento econômico pra nós na indústria do entretenimento. Além do mais, nosso Sambão é mais perto da plateia que no Sambódromo, aí a relação com o público fica mais íntima, mais interativa. Quero ver mais artistas plásticos dialogando com os barracões, que cada vez mais artistas de todos os setores sejam contratados para servir à festa do povo.

Em Ibiraçu, a caminho do Reino de Itaúnas, ouvi dizerem muito bem desta nossa festa. Gente que vem há cinco anos e considerou este o mais maravilhoso. Tenho mais pra dizer, mas falta espaço. Continuo na minha próxima quarta. Por agora, nesta tarde gloriosa, olho lá pra fora e o sol na bananeira prova que vejo aqui é uma réplica do quintal de Itaquari. Obrigada, terra amada!

Crônica escrita por Elisa Lucinda para o jornal A GAZETA. dia 14/02/2012.
Elisa Lucinda é de Cariacica, Espírito Santo e, foi tema da Escola de Samba da cidade, Independentes de Boa Vista.
A escola foi campeã do desfile.

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