A maior festa religiosa do EspĂrito Santo, a festa da Penha, acontece desde o sĂ©culo XVI. É a festa religiosa mais antiga do Brasil e hoje Ă© reconhecida tambĂ©m como uma das maiores em nĂşmero de pessoas, como a festa de Aparecida em SĂŁo Paulo e da festa do CĂrio de NazarĂ© em BelĂ©m. Nossa Senhora da Penha Ă© a padroeira do estado do EspĂrito Santo, e sĂŁo 9 dias de festa em sua homenagem começando no domingo de Páscoa e terminando na 2ÂŞ segunda-feira, dia dedicado a ela.
Durante a festa acontecem várias procissões e romarias. A maior e mais tradicional é a romaria dos homens que acontece desde a década de 1950, quando o bispo de Vitória quis estimular a participação dos homens na festa da Penha. Ela sai da catedral de Vitoria no centro da cidade e segue por 14 km até o parque da Prainha, local onde é celebrada uma missa ao do morro do convento da Penha em Vila Velha. Este ano participei pela primeira vez da Romaria.
Sempre soube que era um grande evento mas eu não fazia ideia de quanto. Só percebi a real dimensão na ida já dentro do ônibus. Por se fim do dia em um sábado, imaginei pegar um ônibus vazio e chegar rápido, mas não foi nada disso. O ônibus parava toda hora para embarcar gente que estava indo para a romaria. Estava mais movimentado que no carnaval. Só ai então que percebi o tamanho da coisa.
Pretendia chegar o mais prĂłximo da Catedral, afinal de contas eu teria 14 km pela frente para caminhar. Mas faltando uns dois quilĂ´metros (ainda na curva do Saldanha) os Ă´nibus já nĂŁo andavam mais e os participantes desceram ali mesmo e eu acompanhei. Ou seja, a nossa romaria começou ali mesmo. Já passava das 19 horas e a romaria já havia saĂdo e praticamente tivemos que atravessar o centro para poder acompanhar o grupo de milhares de pessoas.
Quando consegui alcançar a romaria, ela já estava na escadaria do Palácio do Governo. Era uma multidão descendo a cidade alta, parei ali para poder me situar no que estava acontecendo. Parecia uma enxurrada quando não para de desce água. Onde eu estava havia muita gente parada como se estivesse a espera da atração principal. Até que ouvi alguém falar que a imagem da santa não havia passado e entendi então a espera da multidão.
Dali em diante fui acompanhando a multidão. Logo alcançamos uma das pontes que liga Vitória a cidade de Vila Velha. Até ali eu estava bem, mas a ponte que parece ser pequena quando passo de carro, parecia ser interminável e na metade em diante comecei a sentir um pé doendo e mais dores foram aparecendo, fazendo eu lembrar que estou fora de forma. Finalmente a ponte acabou e Vitória ficou pra trás, mas a maior parte dos 14 km da Romaria, que pra mim foi uma maratona, estava em Vila Velha ainda pela frente .
No trajeto pude perceber o tamanho da Romaria, que era só dos Homens, mas hoje conta com a participação das esposas, namoradas, filhas e filhos e quem mais quiser. Este ano a estimativa foi de 500 mil pessoas, o que faz com que seja a maior romaria dos homens do Brasil. E para animar todo esse pessoal eram três pequenos trios elétricos que revezavam entre cânticos e orações.
É claro que no meio dessa multidĂŁo, os interesses sĂŁo vários. Vi gente conversando o tempo todo, gente participando por curiosidade. Mas tambĂ©m vi pessoas religiosas, passei várias vezes por um jovem de vinte e poucos anos caminhando e rezando o tempo todo, vi pessoas com terço na mĂŁo e pessoas com imagens da santa. E a medida que fui aproximando do final, fui percebendo nos rostos de muitas pessoas que estavam a beira do caminho e no local de chagada da romaria, a fĂ© na padroeira do EspĂrito Santo. Bateu uma emoção.
COMO IR
A romaria começa em uma cidade (VitĂłria) e termina em outra (Vila Velha) da regiĂŁo metropolitana. Seria tranquilo utilizar o transporte pĂşblico se houvesse Ă´nibus circulando na hora que termina a romaria. Para ir ao centro de VitĂłria (local onde sai a romaria) Ă© possĂvel ir de Ă´nibus pois sĂŁo várias linhas que passam pelo local, mas para retornar de Vila Velha Ă© necessário ter outra opção.
Eu fui bem de ônibus, mas no retorno tive dificuldades pois não havia ônibus circulando. As minhas alternativas eram voltar para casa de taxi é gastar uma boa grana (moro longe), ou esperar uma das vans clandestinas que passavam nos pontos de ônibus e que fosse mais próximo do meu bairro e de lá pegar um taxi. Mas acabei indo para casa de carona com uma caravana de um bairro próximo ao meu.
Devido essa logĂstica, muita gente costuma ir de carro mais cedo atĂ© o local de tĂ©rmino da romaria e deixar o carro nas proximidades. Assim terá o carro para voltar pra casa.
Quem Ă© ligado a alguma comunidade de igreja pode participar das caravanas que sĂŁo organizadas e ter a tranquilidade de nĂŁo precisar se preocupar com o transporte. Mas quem passa longe de igreja, uma boa alternativa Ă© organizar um grupo de amigos e contratar uma van para levar ao centro de VitĂłria e esperar por vocĂŞ em Vila Velha.
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